A autora

Karla Alabarce por Zaqueu de Araújo

Um dia destes, recebi uma mensagem do leitor Leandro Campos me perguntando sobre o “por quê?” do blogMeu Mundo Incomum”. Ele me perguntou o que exatamente me motivou a escrever um blog voltado a artes e também o “por quê” nunca postei nenhum trabalho meu e nem mesmo falei sobre isso. Sugeriu que isso renderia uma boa matéria. Pois é Leandro, acredito que você está certo, então vamos lá!
            Sempre fui completamente louca e apaixonada por arte. E digo isso de uma forma geral: pintura, desenho, música, teatro... Ah, como adoro o teatro! Todas as formas e manifestações artísticas me encantam! Posso dizer que fui um pouco agraciada por receber apoio e incentivo da minha família desde muito cedo. Infelizmente, no nosso país as crianças não são incentivadas a desenvolver suas capacidades artísticas, os pais geralmente não vêem qualquer segmento de arte como profissão e isso realmente me entristece. Há alguns anos atrás, eu lecionava desenho artístico em uma pequena escola de artes, aqui em São Bernardo do Campo. Adorava o que eu fazia e sim, tinha muito orgulho disso! Conheci algumas pessoas, e logo veio a pergunta: “E você Karla, trabalha com o que?”. Respondi feliz e contente: “Com desenho artístico!”. E logo veio a resposta mais cretina que eu já escutei: “Não, eu estou perguntando com o que você trabalha e não qual é o seu hobby.”. Desde este dia eu soube, pessoas podem ser cruéis.
            Não me recordo muito bem, mas creio que o primeiro segmento que me interessei foi o Ballet, depois disso minha mãe me apresentou a uma amiga, o nome dela era Cida e pintava belíssimos panos de copa, toalhas, passadeiras e etc. Não que eu me interessasse pelas coisas que ela pintava, com sete anos eu não dava muita importância para panos de copa por exemplo. Mas as cores... Ah, as cores! Elas eram tão vibrantes, tão intensas! E ela também tinha muitos pincéis! Naquele momento decidi que definitivamente queria pintar panos de copa também! (Seja lá para qual finalidade eles fossem servir).
            Esta foi minha primeira fonte de renda. Comecei a acumular panos na minha casa, minhas tintas foram acabando e faltava dinheiro para repor o material que acabava. Perguntei para a minha mãe o que eu iria fazer para conseguir dinheiro e ela falou em tom de brincadeira: “Ora, venda seus panos”. Hoje sei que minha mãe não me levou muito a sério quando respondi: “Ótima idéia mãe!”, mas talvez tenha sido o fato de ela achar que eu conseguiria vender meus trabalhos que me motivou a começar a fazer isso. Comecei pelos meus vizinhos. Batia de porta em porta e oferecia “o que há de melhor em artesanato para a sua casa”. Eu tinha apenas sete anos e acho que meus vizinhos começaram a comprar por que achavam engraçado a minha cara de pau de ir até a casa deles oferecer minhas pinturas. Mas o importante é que eles compravam, compravam e encomendavam mais. E eu comecei a ganhar dinheiro com isso. E para ser sincera, muito dinheiro. Eu chegava em casa, entregava toda a quantia para a minha mãe e dizia: “Me compre mais tintas! Acho que com esse dinheiro vai dar.”Até hoje, minha mãe ri ao contar esta história. Eu entregava em média R$350,00 por semana e ficava imensamente satisfeita se recebesse três ou quatro tintas de tecido em troca. Minha mãe foi muito sensata, investiu tudo o que eu ganhava em cursos e materiais e com isso fui me aperfeiçoando cada vez mais.
            Só que chegou uma hora que pintar rosas e maçãs já não me satisfazia mais. A culpa é do meu pai. Adoro culpar ele por isso. Ele começou a fazer um curso de pintura em tela com um grande artista, Attilio. Me lembro como se fosse hoje... Ele ia para o curso todas as quintas-feiras ás 17:00h. E depois de algumas semanas chegava em casa com um quadro lindo!!! Geralmente paisagens ou marinas. E eu podia ficar observando aqueles quadros por horas... Comecei a insistir irritantemente para ele me levar para aprender junto com ele, mas ao que parece isso era meio impossível já que o Attilio  só dava aulas para adultos e além disso eram alunos escolhidos a dedo. Me conformei. Até o dia em que descobri que minha irmã iria fazer aulas de pintura com ele. Quase tive um AVC. (Mesmo com nove anos eu podia ser uma criança extremamente dramática.). Deste momento em diante, estava determinada a aprender a arte do “óleo sobre tela”. E saí vitoriosa, por que alguns meses depois lá estava eu com um cavalete enorme, bebendo um cafezinho e tomando aula com mais quatro senhores de meia idade... E olha, vou dizer... Eu adorava isso! Meu primeiro quadro foi uma marina, meu segundo também... Pintei muitas e muitas paisagens, para depois desbravar as flores e só depois partir para as figuras humanas!
            Quando estava com treze anos, minha mãe Eliana Alabarce, realizou seu grande sonho e abriu o seu atelier. Querendo ou não, eu precisava trabalhar no atelier por que não tínhamos dinheiro para pagar funcionários e alguém precisava atender os clientes enquanto minha mãe dava aulas. Toda a garra da minha mãe, toda a força de vontade me motivava diariamente, ela foi minha primeira grande influencia e sempre será! Eu gostava do que fazia e não reclamava. Foi nesta época que conheci o artista que mais me influenciou até hoje, Osvaldo Dias Junior, mais conhecido como: Fuzinatto. Um jovem artista, com um talento incrível e um carisma divino. Quando conheci o trabalho dele, tive certeza de que daria certo! Não demorou muito para ele começar a dar aulas de desenho artístico e pintura em tela no atelier e foi fantástico! Em pouquíssimo tempo as turmas triplicaram e não havia mais horários vagos na agenda. E eu estava lá, na primeira turma de desenho artístico do Junior e aprendi tanto com ele! E me sinto contente em dizer que não aprendi só sobre desenho, aprendi também sobre a vida! Aprendi a ver ao invés de olhar, ouvir ao invés de escutar e a sentir ao invés de tocar. Ele, sem dúvida alguma foi a minha segunda grande influência. Quando estava com 15 anos o meu querido professor se mudou para o interior e assim, do dia para a noite tive que começar a dar aulas. Foi um grande desafio, que chegou junto com uma carga de responsabilidade enorme, mas deu tudo certo! Assumi as turmas, comecei a lecionar e sou grata por ter tocado a vida de tantas pessoas de diferentes formas e por ter sido tocada com a presença de cada uma delas, também. Trabalhei no atelier até os meus dezessete, quase dezoito anos... Entrei na faculdade, comecei a cursar publicidade e propaganda. Pouco tempo depois entrei na DPL (divisão de produtos de luxo) da L’oréal Brasil. E mais uma vez minha vida deu um giro e tudo mudou! Eu trabalhava no Morumbi e representava Yves Saint Laurent dentro DPL, em três meses fui promovida a maquiadora da marca e outra vez tudo mudou! Haha. Aprendi tanto dentro da L’Oréal e vou dizer, não foram apenas aprendizados de maquiagem, vendas, coletivas de imprensa e feiras nacionais... O mais importante foram os aprendizados de vida... A experiência que tive conhecendo tantas pessoas, cada uma acrescentou um pouquinho a mais na minha vida, confesso, não foram apenas experiências boas, passei por muitos momentos de vida e muitas coisas ruins também, mas valeu o aprendizado! Optei por me desligar da empresa, estabeleci outras prioridades e outras metas de vida. Hoje? Tranquei o curso de publicidade, e estou estudando para prestar vestibular para psicologia! (Quando reparei que lia mais livros sobre psicologia do que sobre publicidade, percebi que havia algo errado, rs) Estou dedicando meu tempo aos meus queridos e amados blogs. O “Meu mundo Incomum” e a minha mais nova criação, o “Make Up” um espaço onde eu divido um pouco os aprendizados que obtive no mundo da maquiagem e da moda. Dedico meu tempo a minha família, a novos projetos (sim, eles estão a caminho!!!) e ao amor da minha vida, Fabiano Xavier.

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